musica

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

...Mandado foi ao Vietnã Lutar com vietcongs... Ratá-tá tá tá... Tatá-rá tá tá... Ratá-tá tá tá... Tatá-rá tá tá... Ratá-tá tá tá... Tatá-rá tá tá... Ratá-tá tá tá...

Esqueça qualquer tipo de post engraçadinho, o que vou narrar agora é uma história verídica de dor e lágrimas, cuja protagonista sou eu. Sugiro como fundo musical alguma coisa do tipo Kennedy, e ainda advirto, caso esteja sofrendo de depressão é melhor não ler este post.
A história se dá quando a moçinha aqui precisa fazer um exame de ressonância magnética, até aí problema nenhum, é apenas um exame. Ainda mais para mim que sou valente, destemida. O que é um exame destes, além de uma simulação de te colocarem viva em um caixão em plena guerra mundial?
Com o exame marcado a dias, fui fazendo um trabalho psicológico: largamão de ser bundona Aline... todo mundo faz... para de choro agooooooraaaa... não tem alternativa.... sai da janela, não pula não pula...
E lá vamos nós, eu e minha mãe. Primeiro ponto, não entendi porque pra fazer um exame do ombro eu preciso estar em jejum?
Eu já fiz este exame uma outra vez, então parecia ser muiiito simples, cheguei lá e  a recepcionista fez a seguinte pergunta: - Você já fez este exame antes? E quando eu respondi que sim, o semblante da moça relaxou em sinal de ufa eu lembraria da sua cara se tivesse feito escândalo antes
Estava tranquila porque nem eu mesma lembrava de como foi o exame anterior então deve ter sido tranquilo, senão eu lembraria. 
A enfermeira vem me buscar: - Quer que sua mãe vá junto? 
- Nãããão não precisa, pode ficar aí que este exame é tranquilo! 
Fui levada para uma sala e a enfermeira fez perguntas do tipo: do que você é alergico, onde dói e tal. Uma coisa eu notei, tem poucas linhas no campo cirurgias anteriores, antes eu só colocava uma de desvio de septo que fiz a anos e nem sei se é tão relevante para um exame no ombro, mas sempre colocava ela, agora as linhas já estão poucas!
Ainda durante a entrevista a enfermeira me perguntou: 
- Você tem medo de ficar fechada? 
Respondi logo: - Nãããão! Eiiii sou eu Aline, a destemida lembra? Você não se lembra de mim no último exame se lembra? Então é porque não dei trabalho, sou do tipo, relaxada!
Sinceramente, eu só podia estar fora do meu corpo, não tem outra explicação, sempre tive medo de ficar fechada, uma vez fui na confissão comunitária na catedral e eles fecharam todas as portas, eu tive um ataque de nervo e tive que sair correndo porque o ar foi inalado por todas aquelas pessoas egoístas e eu fiquei sem! Quando achei o tal do sacristão eu já estava roxa ele não entendeu nada, mas por via das dúvidas nem pestanejou em deixar a louca sair da igreja, naquele ambiente fechado ele pensou que eu pderia causar danos a outras pessoas e ninguém ver! Nunca mais fui em confissão comunitária lá!
Voltando ao exame, entrevisa feita, eu tive que colocar uma roupa azul, me senti a protagonista de Grey's anatomy pronta pra executar uma cirurgia, a própria médica. A brincadeira acaba quando eu tive que deitar em uma maca, como o exame é no ombro, é ele quem tem que ficar no meio da maca, por isso tive que tratar de me equilibrar nos 15cm que sobra, os enfermeiros me equiparam com um negócio que parece uma armadura, me ataram inteira com fitas e velcro, dizem que é para não ter o perigo de me mexer, mas, mais tarde tudo isso irá fazer sentido.
Até aí eu estava lá toda pimposa e comunicativa, até que vem outro enfermeiro pega minha mão e começa a analisar minhas veias, como de costume e como sempre faço, eu alertei ele que meu acesso venoso é difícil, mas não sei, nunca me escutam, acho que acontece uma competição interna entre os enfermeiros, quando o paciente diz que a veia é difícil é como se chacoalhasse uma bandeira quadriculada e desse a largada para o jogo, ganha quem pegar sua veia primeiro, e você passa a ser um tabuleiro! Eu tenho até uma dúvida, acho que o rapaz não era enfermeiro, suspeito que era um açougueiro, aliás, certeza que era um açougueiro!
Ele olhou pra mim e disse: 
- Será que é difícil mesmo? Você tem uma veia ótimaaaaa na mão (nesta hora ele estava tentando desconcentrar os outros competidores).
A enfermeira 2 diz: 
- Quer a agulha mais fina? 
- Não, a veia dela é boa! 
E nisso eu lá toda atada na maca. Ele pega  a agulha, todos os outros competidores ficam em volta fazendo figa pra que dê errado para que também tenham sua chance, o enfermeiro dá uns tapinhas, bota a língua pra fora como quem faz força, cerra os olhos, te fura e procura e cavuca e cavuca de novo, não vou dizer que fiquei me debatendo, isso porque eu estava atada, este é o sentido 1 disso. Quando achei que ele tinha conseguido acesso no pé através da veia da mão ele vira e fala assim: 
- Sua veia é fraca né? 
Este é o motivo 2 para estar atada, é para manter a integridade dos açougueiros que procuram sua veia. 
- E agora? Que dor filho de uma boa mãe! 
Enfermeiro 1: Não tem problema, quando for preciso injetar o contraste pegamos sua veia na hora. 
No fundo escutei as gargalhadas de sarcasmo dos outros competidores, um já havia sido eliminado.
Game over pra ele...
Na hora? Tinha esta alternativa? Em qual veia já que não se contentando em detonar com a veia que queria ele pra não deixar alternativa pros outros competidores detonou todas as outras, maior jogo sujo!
Depois de quase ser desossada pelo açougueiro, fui levada para a sala do exame, colocaram um protetor em meus ouvidos, muito delicada a enfermeira disse que o aparelho é um pouco barulhento, e que qualquer coisa era pra eu mexer o pé. E eu tinha outra alternativa a não ser mexer os pés? Os pés era a única parte do meu corpo que não estava atada.
Me colocaram dentro da máquina, primeiro fiquei tranquila, depois me imaginei fazendo um bronzeamento artificial, pensei em dormir, e um silêncio pairava... Até que começa um pagodinho leve, depois vem um cavalo em um trote, o cavalo começa a correr e te leva pra um paredão de fuzilamento e tótotótooótó´toótrórrrrrróóóroooo. Pronto, começou, tocam pagode enquanto o cavalo dança e te fuzilam, e ainda cade o ar? Meu Deus cade o ar? Tiraram o ar daqui? Socorroooooooooo! 
Lembrei de mexer os pés e uma voz fala calmamente: 
- O que foi Aline? 
E eu aos prantos, escandalosamente respondo: 
- Socorro me tirem daqui! Vou morrer! Não quero morrer! Devolve o ar seu filho da mãe! Espera só eu sair daqui pra você ver, eu mato este cavalo, o pagodeiro e o açougueiro! 
Eles não tiveram outra alternativa a não ser me tirarem de lá, uma pessoa muito calma me fala: 
- Quando estiver pronta voltamos com o exame! 
Nunca vou estar pronta pra ser fuzilada, pior, fuzilada sem ar? A porcaria do negócio que vai na orelha não serve pra nada! Eu tinha que voltar pro exame né, porque sou adulta e destemida... Fiz o cara jurar que ia ficar ali, e ainda ameacei que se ele fosse embora e me esquecesse ali eu voltaria com meu próprio cavalo, fuzilaria ele, sem pagode, minha vingança seria ao som de Restart!
E o tróoóóóóó continuou, imaginei que eu estava em um avião, aviões não tem janela e o ar não acaba. Passou sei lá quanto tempo até que aparece a enfermeira 2 com uma agulha infantil e pega uma veia do braço na maior calma aplica o contraste e pronto... pronto? Como assim pronto? Vou matar aquele açougueiro!!!! 
Agora me expliquem, se tem uma alternativa melhor porque começar com a pior? 
Conclusões:
- Açougueiros não podem trabalhar em área de saúde, cada um no seu quadrado.
- Te atam com a desculpa que é para não mexer, mas a verdade é outra.
- Conclusão nenhuma quanto ao jejum.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

..I gotta take a little time. A little time to think things over, I better read between the lines in case I need it when I'm older...

   A vida realmente é um grande paralelo, acredito que vivemos várias vidas em uma grande vida, e como um bom texto cada vida possui meio, começo e fim. O caminho que traçamos, os planos que fazemos percorrem por caminhos cruzados e a direção sempre nos leva a uma forma de vida, a uma nova vida dentro da grande vida. E o que poderia ser péssimo não é tão ruim, o que é ótimo pode ser bom ou irrelevante, tudo depende da forma como estamos enquadrados em nossa história e pontualmente na vida em que vivemos, no momento em que pensamos ou da forma em que melhor pode ser vivida...

Meu cabelo, minha nova imagem no espelho. Os lenços, suas cores, suas variações.

O desânimo, o corpo dizendo não. O descanso, o corpo dizendo sim.

O trabalho, a carreira, ficar presa no conhecimento profissional passado. A disponibilidade, tempo para coisas novas, para novas idéias, a reciclagem.

A quimioterapia, o hospital, os enjoos, as cirurgias. A cura, a riqueza da ciência.

O olhar de piedade, a dó, as conversas maldosas. O carinho, as preces em silêncio, sorrisos doces e as lágrimas de emoção.

A preocupação, o medo. Deus.

As alterações do organismo, os quilos a mais, os corticoides. Mais tempo para exercícios, a oportunidade de melhorar o estilo de vida, mais água, menos gordura.

As decepções, a exclusão, os preconceitos, as inverdades. As surpresas, a inclusão, as proximidades e as verdades.

A descoberta de falsas amizades. A descoberta de possuir muitos amigos.

Menos cílios, menos sol, pele ruim. Mais Dior, mais proteção, o amor pela maquiagem.

Família com amores a distância. Família com amores próximos.

A revolta. A prece.

Projetos interrompidos. Novos projetos.

   Para todo sim tem seu não, mas para todo não tem seu sim, seu talvez, o pode ser e o prefiro este, por pior que a situação possa parecer um leque de hipóteses se abre, e não trata de conformismo não, trata-se de novas escolhas, novas saídas.
Deus dá o veneno, mas junto dá o antidoto, basta tomar a dose diária.

" Com as perdas, só há um jeito: perdê-las.
Com os ganhos, o proveito é saborear cada um como uma boa fruta da estação." Lya Luft